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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Estar com alguém é o fim de todas as dores?!?!

‘Ai, eu não aguento mais ficar sozinha’ . ‘Não me apaixono há um tempão! Isso me deixa com uma sensação de vazio’ .
Escutei essas duas frases de dois amigos – Uma mulher e um homem, respectivamente – na mesma semana e fiquei refletindo : Quanto tempo se leva pra amar novamente ? Será que tem tempo limite ? Será que tem necessariamente algo de errado com quem está só a algum tempo ? Onde estão escritas as regras e os prazos de cada coração ? Bem, a amiga que reclamou porque não aguenta mais ficar sozinha me contou que está sem namorado faz praticamente um ano e que tem se sentido extremamente carente . Todos os encontros que teve depois deste namoro terminaram em duas ou três saídas, no máximo . ‘Ninguém se interessa por mim’, reclamou ela num tom de tristeza e lamentação . O amigo, por sua vez, me contou que se sente chateado porque não consegue se apaixonar por ninguém há uns três anos . Confessou que as relações que vêm tendo durante este tempo, embora sejam afetuosas, não lhe trazem aquela sensação inexplicável de estar envolvido, entregue, com aquele sorriso fácil nos lábios . Eu sei que o que todos nós desejamos, no final das contas, é sentir exatamente o que canta Zeca Baleiro, na música Telegrama : ‘Hoje eu acordei com uma vontade danada de mandar flores ao delegado, de bater na porta do vizinho e desejar bom dia, de beijar o português da padaria’ . Mas o fato é que isso não acontece todos os dias . E se pensarmos um pouco, não poderia ser diferente . Se fosse banal, corriqueiro, cotidiano, não seria tão transformador, não seria tão especial . Só que não queremos esperar . Não queremos aprender a lidar com a tristeza, com o vazio, com a solidão . Não queremos, sobretudo, aprender com todos os sentimentos que esse tempo em que ficamos sós nos traz . Aliás, sequer nos permitimos descobrir o quanto pode ser bom ficar sozinho de vez em quando . Muitas vezes, entramos numa ansiedade exagerada, destrutiva, que mina nossa auto-estima; e, assim, somos esmagados por uma cobrança interna que nos rouba o bom-senso e a capacidade de fazer escolhas . Começa a valer o ditado ‘o que vier, é lucro’, mas em pouco tempo, percebemos que o preço a pagar por escolhas mal-feitas é alto demais . Relações que não nos acrescentam; pelo contrário, servem para bagunçar ainda mais os nossos dias e aumentar a sensação de frustração e de incompetência emocional . Claro, ‘engolimos sem mastigar’, numa tentativa desesperada de acabar com a solidão . E aí eu pergunto : Por que é que resolvemos acreditar que a solidão é algo tão ruim ? Será ? Será mesmo que não há nada de proveitoso, de bom e prazeroso que podemos fazer enquanto estamos descomprometidos ? E mais : Será que é possível se apaixonar a cada 15 dias ou assim que acaba uma relação ? Será que é produtivo emendar uma relação na outra sem ter tempo sequer de se questionar quais são seus verdadeiros desejos ? E, por fim, será mesmo que estar com alguém é remédio para todas as nossas dores, solução para todos os nossos problemas e o fim de todas as nossas angústias ? Penso que é somente quando relaxamos e entendemos que estar com alguém e, principalmente, apaixonar-se e sentir-se feliz são conseqüências de uma harmonia interna, que compreendemos que somos seres genuinamente sós e que o outro é um presente a ser compartilhado e não uma necessidade dolorida, desesperada, insana . Aí sim poderemos experimentar relações mais leves, mais gostosas e mais maduras ou ficaremos sós e nos sentiremos bem . Em fase de espera, sim, mas sem tanta tristeza; apenas respeitando o ritmo dos corações e sabendo que uma relação gostosa e apaixonada acontece quando a gente realmente tem espaço para ela .

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