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terça-feira, 26 de março de 2013

Contra todo mau olhado

 Se eu sinto inveja de alguém? Sim, sinto. Perdoem-me, mas essa é a mais pura verdade. E não é pelo fato de eu admirar algo que alguém tem ou é, que eu vou tentar fazer o mal para essa pessoa.
Eu me dou muito bem com minhas limitações. Sei que nem sempre vou poder ter tudo o que eu quero ou ser tudo o que gostaria de ser. Tenho meus defeitos que não consigo mudar.
E então... Eu invejo quem tem paciência e calma em todas as situações. Eu sou inquieta de nascença. E eu invejo também quem tem um amor lindo ao lado, amor de verdade, não desses que eu estou acostumada a ver por ai. Hoje, eu não amo homem algum, provavelmente eu também não seja amada por nenhum. E eu invejo quem tem o dom de fingir que tudo está lindo quando não está. Os meus problemas vivem estampados na minha cara (a tal transparência, sempre fode comigo). E eu invejo Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Caio Fernando de Abreu, Arnaldo Jabor, Martha Medeiros e tantos outros por terem o dom da escrita (Ai, meu Deus, como eu queria esse dom!!) e por fazerem da vida poesia. Enquanto eu rabisco rascunhos. E eu invejo aqueles que viveram em épocas passadas, especialmente na década de 80. Dos jovens que fizeram revolução. Do povo lutando por seus direitos no movimento Diretas Já. Das músicas de bom gosto de Bom Jovi, U2, RPM, Ultraje a Rigor, Kid Abelha, Barão Vermelho, Cazuza, Blitz, Titãs, Ira!, Rita Lee, Caetano, Chico Buarque e outros. E hoje, eu não faço revolução alguma. Hoje eu voto sem nem mesmo saber se tal candidato é o melhor para minha cidade, para meu estado, para meu país. Hoje eu vejo adolescentes venerando semi-homens coloridos. E eu invejo o corpo perfeito de  Viviane Araújo, mas não tenho energia para malhar e comer coisas saudáveis para tentar ter um corpo, no mínimo parecido. E eu invejo a inteligência de Salomão. Mas sei que nem que eu estudasse aplicadamente por toda minha vida, eu chegaria a seus pés. E eu invejo também a conta bancária de Bill Gates, (como eu sonho com aqueles zeros).  Mas, meus caros, chegar lá é tarefa bem difícil, não?
Pois é, eu sou humana, eu também tenho sentimentos desprezíveis, mas eu escolho não deixar que meus sentimentos me dominem e me façam sair tentando ofender quem eu considero que, por algum motivo, ou ainda sem motivo algum, seja melhor que eu.
Destruir o outro não fará com que eu, nem ninguém, cheguemos aonde o outro chegou.
Cada um tem que se colocar em seu devido lugar. Somos diferentes. Levamos vidas diferentes. Fomos criados de formas diferentes.
Talvez, o que você inveje em mim, no fundo me seja um fardo.
Eu me dou muito bem com minhas limitações. Se você não se dá bem com as suas, por favor, procure um analista. Eu já fiz isso várias vezes. E funciona! Ou, melhore suas táticas, talvez, quem sabe um dia você consiga tirar minha paz, desequilibrar minha vida e tirar esse meu sorriso LINDO do rosto.
Porque quem saberá afinal, se a grama do vizinho, que sempre nos parece tão mais verde, é mesmo a melhor?

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