Me busco em músicas que dão ritmo ao que sinto de forma
silenciosa e me busco em trechos de livros que revelam ideias que mantenho
ainda embaralhadas. (...) Me busco quando me aquieto pra escutar meus
pensamentos, que não são retos, certos, fáceis, e sim espasmódicos,
contraditórios, provocativos, ora estão ao meu favor, ora estão contra, e por
isso me desencontro. Então escrevo, me busco em frases feitas e frases
inventadas, colocando uma palavra atrás da outra na tentativa de construir uma
lógica, um atalho, uma emoção que eu consiga sustentar e repartir, e depois
fecho o computador me busco no sono, nos sonhos, no inconsciente, do meu lado
noturno, sombrio, quando perco a coragem e tudo me amedronta, a começar pelo
fato de que o dia terminou e a busca não se encerrou, nem irá, porque esse tipo
de busca não se encerra."
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