Eu penso que ser sincera é uma coisa tão natural, tão mais
fácil, que acho que todo mundo sempre fala a verdade pra mim também. E esqueço
o quanto às pessoas sentem prazer em complicar tudo. É a minha mania mais
perigosa de todas, confiar. ...Confio mesmo, até você me provar que não vale a
pena, não vale o risco. Aí eu nunca mais vou ser a mesma. Viro, na melhor das
hipóteses, sua colega bem distante e não é por mal, é meu reflexo. Pra
completar, minha outra mania chata é perdoar. Não guardo mágoa de ninguém, não
porque não quero, só não consigo. Juro que não quero ver a pessoa nem pintada
de ouro, até ela vir com o rabo entre as pernas e pedir desculpas, simples
assim. E mesmo que muitas pessoas que passaram pela minha vida tenham traído a
minha confiança, não acho justo punir quem tá chegando, pelo crime de quem já
foi. Nessa, quase sempre quem paga a pena sou eu, mas eu durmo bem de noite e é
isso que importa. Ás vezes eu fico aqui querendo perguntar pras pessoas "E
aí, de tudo que você já me disse, o que era verdade? Só pra saber...". Mas
não ia fazer diferença, então deixo as verdades e mentiras assim mesmo,
misturadas, eles com suas coleções de máscaras e eu sempre tão exposta. Mas
quer saber minha recompensa? Quem gosta de mim, quem tá do meu lado, tá por mim
do jeito que eu sou, sem enganação. Amam a mim e não uma personagem. E, no fim
das contas, ser enganada fica muito pequeno, porque os maiores enganados são
eles mesmos e é uma pena. No meio de tantas máscaras, uma hora o rosto real se
perde e tanta coisa se perde junto. Não sei se se pode atribuir a mim a faixa
de ingênua nessa história toda, como sempre é atribuído. Mas eu aceito e
lamento. Que se percam.
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